quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

JÚLIA

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Esta é Júlia com a Vovó
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Júlia e o bombeiro, Tenente Davi Lucas

Júlia, Tenente Davi e o Vovô


BELO HORIZONTE - Deus e uma cadeira de bebê salvaram a vida de Júlia Amaral Souza, de cinco meses, na quinta-feira à noite, na Rodovia Fernão Dias, em Betim, MG. A menina saiu praticamente ilesa de um gravíssimo acidente que matou seus pais, Leônidas Amaral de Souza, 32 anos, e Rosele Aparecida de Oliveira Silva, de 29.

O ACIDENTE aconteceu quando o pai da menina, Leônidas Amaral de Souza, tentou frear o Chevette, verde com placas de Ibirité-MG, para desviar de um caminhão desgovernado na altura do Jardim Piemonte. Outro caminhão, uma carreta Scania, que vinha atrás, não conseguiu frear e passou por cima do Chevette.

CHORO - O resgate dos corpos envolveu militares do Corpo de Bombeiros e outras unidades de salvamento. A ocorrência já estava sendo encerrada quando os bombeiros solicitaram a interrupção do trânsito na estrada. Foi aí, que eles ouviram o choro de uma criança.

APÓS cerca de uma hora de trabalhos, a menina foi retirada das ferragens pelo aspirante a tenente Davi Lucas Soares, de 24 anos. Os bombeiros comemoraram e se emocionaram com o resgate. Para a surpresa de todos, Júlia não aparentava ter sofrido ferimentos graves.

INACREDITÁVEL - "Se ela estivesse SEM a cadeirinha, ou seria arremessada para fora do veículo ou não teria a proteção da coluna e da cabeça", explicou nesta sexta Soares. Segundo ele, a criança estava de bruços entre o freio de mão e o câmbio do carro, com as costas protegidas pela cadeirinha e pelo corpo do pai. "As ferragens em cima do corpo dela eram uma coisa inacreditável, tinha um caminhão em cima do chevette."

POUSO ALEGRE - março de 1985. Estávamos voltando de Belo Horizonte para São Paulo pela BR-381, Fernão Dias, minha esposa, eu e nossa filhinha de três meses, a Priscila. Passando por São Sebastião da Bela Vista, uma carreta Scania saiu para ultrapassar outro caminhão, ambos vindo em nossa direção. Mal conseguimos sair da pista. Como não havia ainda pista dupla nem acostamento, nossa caravan foi para fora da pista, sem controle, correndo pela ribanceira, até ser detida por uma moita de bambus.

QUINZE MINUTOS antes, nós tínhamos parado. Tive uma atitude pouco usual: coloquei minha filha em cima de uma almofada, no banco de trás do carro; amarrei o cinto bem firme sobre ela. Não passara pela minha mente, que poucos quilômetros a frente, iria sair da pista, a 100km por hora, e, que para voltar, seria preciso da ajuda de dois tratores.

JÚLIA, o bebê do acidente desta postagem, tem cinco meses. Graças a Deus, minha filha primogênita, a Priscila, hoje tem 21. Quando vi o bombeiro segurando a Julinha nos braços, me emocionei ao lembrar como Deus foi misericordioso com ela e também com minha filha.

FICA UMA LIÇÃO que gostaria compartilhar: Deus salvou a vida delas, mas tínhamos feito a nossa parte. Júlia estava em uma cadeirinha de segurança para transporte no banco traseiro. No meu caso, usamos uma almofada e o cinto.

Quem ama, de verdade, deve obedecer as leis de trânsito, e se possível, ainda ir além.


ACOMPANHAMENTO DO CASO
DATA: 12/08/20066

Simone Cassiano: "Entreguei a criança
a um casal na rua. Não tinha condições psicológicas para cuidar dela"

“Não queria matar minha filha” Acusada de jogar recém-nascida na lagoa da Pampulha, Simone Cassiano vive em depressão, quer a filha de volta e será julgada por tentativa de homicídio


Crédito: Por Alan Rodrigues ( istoé) – Belo Horizonte

A promotora de vendas Simone Cassiano da Silva, 29 anos, acorda diariamente às seis da manhã em uma cela do presídio feminino Estevão Pinto, em Belo Horizonte, repetindo uma frase em que poucos acreditam: “Eu não sou um monstro, não queria matar minha filha.” Simone recebeu ISTOÉ e aceitou falar da manhã do sábado 28 de janeiro, um dia que chocou o País. Naquela manhã ensolarada, sua filha, com pouco mais de dois meses, foi milagrosamente resgatada com vida de dentro de uma saco plástico que boiava nas águas poluídas da lagoa da Pampulha. A pequena sobrevivente recebeu da mãe ao nascer o nome Yara, uma deusa indígena, metade peixe, metade mulher, também conhecida como “Mãe das Águas”.

“Hoje tomo fortes doses de antidepressivos para conseguir dormir. Não sou uma criminosa e quero minha filha de volta”, anuncia. “Suspeito que foi corrupção. Deram Yara para outra família, mudaram até o nome dela. Não levaram em consideração que ela tinha família” afirma. Simone, que é mãe de outra menina de 11 anos, não aceita a versão da polícia, que concluiu ser ela a autora do crime. Num choro contido, explica: “Eu sei que errei ao entregá-la a um casal na rua. Estava desesperada. Não tinha condições psicológicas para cuidar dela. Eu já vinha de uma depressão e a gravidez piorou tudo”, avalia. O maior problema de Simone, que será levada ao tribunal do júri por tentativa de homicídio, é provar sua versão. O casal que teria recebido a criança jamais foi encontrado.

“Meu remorso é muito grande. Na hora em que eu vi as cenas na tevê fiquei
louca. Yara não se mexia. Achei que ela estava morta”, relata, para em seguida completar: “Meu namorado, Gerson, assistia às cenas ao meu lado e dizia:
‘Que horror, não gosto de ver essas coisas!’ Foi o suficiente para me dopar de remédios e dormir”, relembra. “Em momento algum neguei que tenha dado
Yara. Mas eu jamais jogaria a menina na lagoa. Eu a teria deixado no hospital.” Simone deu entrada no Hospital Odete Valadares, sangrando muito no dia 3 de novembro às 21h45. “Eu já tinha passado por uma gravidez extra-uterina, por
isso acreditei estar vivendo a mesma coisa. Eu não sabia que estava grávida.” Mas Yara veio ao mundo 43 minutos depois. “Ela nasceu prematura. Não contei nada
ao Gerson porque ele não queria ter filhos. Visitei minha filha na UTI todos os dias
e ele não sabia de nada. Eu comprava o leite porque não queria que ela fosse amamentada por outra mãe”, confessa.

“Ela mentiu porque o filho não era de Gerson. Não tenho dúvidas de que foi ela a autora do crime”, diz Hélcio de Sá, o delegado do caso. Os exames de DNA, de fato, confirmaram que Yara não era filha do namorado. Simone não explica a contradição, prefere investir na recuperação da guarda da menina, apesar das acusações de ter cometido um crime. “Dois dias depois dessa tragédia, quando eu já estava presa, minha mãe pediu a guarda da criança. E seu pedido nunca foi apreciado.” Promotores do Ministério Público mineiro entendem que houve falhas no processo de guarda provisória da criança, mas eles preferem não torná-las públicas.

“Passo o meu tempo na cadeia lendo livros kardecistas. Como sou espírita há 13 anos entendo que isso é uma coisa que eu tinha que passar.” Carma ou não, é curioso que a pequena Yara tenha uma história igual à de Simone. “Quando nasci, fui dada pela minha mãe biológica a uma pessoa da rua. Fui fruto de um romance do meu pai com uma amante. Essa mãe de que falo tanto, que cuidou de mim, cuida da minha filha mais velha e quer cuidar de Yara, é a mulher de meu pai até hoje.” Simone busca trilhar o mesmo caminho de seu pai quando soube que ela tinha sido entregue a outra família. “Ele entrou na Justiça um ano e meio depois que nasci e conseguiu me ter de volta.”

São poucas as visitas que Simone recebe. O pai e o irmão são presenças constantes. “Eu não quero que minha mãe de criação e minha filha me vejam nessa situação. A situação a que se refere Simone é, para médicos e especialistas, conseqüência de tragédias provocadas por perturbações pós-parto. Estima-se que 15% das mães das 7.718 crianças que nascem vivas diariamente no País são vítimas desses transtornos psicológicos. Desse universo, 57 mães podem até matar seus filhos. “Para chegar ao extremo de se desfazer da criança é lógico que ela teve um transtorno mental”, diz o psiquiatra forense Guido Paloma. A palavra final, no entanto, caberá aos senhores jurados.

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