domingo, 31 de maio de 2009

Entrevista com o Pastor Maurício Price - Capelania Universitária Evangélica


Pr. Price pregando na UERJ
Pr. Price pregando no Culto da CEU na Capela da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

M.Price - Aviva gospel UERJ
João Cruzué

ENTREVISTA
concedida ao Irmão João Cruzué, da UBE - União de Blogueiros Evangélicos, pelo jovem médico e Pastor ordenado pela Igreja Batista do Meier, Rev. Dr. Maurício Price, responsável pelo projeto e implantação da "CEU" - Capelania Universitária da UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Esta entrevista tem como propósito primário, despertar, incentivar, desafiar, outros jovens universitários evangélicos a conquistar o mesmo espaço nas Universidades onde estudam. Certamente Deus tem grandes planos na vida de muitos jovens acadêmicos que ainda estão longe, mas que através do ministério de uma Capelania Universitária possam chegar perto, mas perto, até aceitar a Fé.

Dá-me cem homens que nada odeiem senão o pecado,
que nada temam senão a Deus, que nada busquem senão as almas perdidas,
e eu transformarei o mundo em chamas”
John Wesley

1) UBE - Pastor Mauricio Price, consta de sua genealogia que o senhor é bisneto do Reverendo Dr. John W. Price (1870-1951) e Elizabeth W. Price( 1872-1962), casal de missionários norte-americanos que investiram mais de 30 anos de suas vidas no Brasil. Conte-nos um pouco sobre os projetos e realizações missionárias de seus bisavós maternos?

R - Pastor Maurício Price: Meus bisavós são meus antecessores e minhas referências também na obra missionária. O médico Rev. Dr. John Price destacou-se como um missionário de grande envergadura em sua época. Ele e sua esposa deixaram Nova York com destino ao Brasil após serem enviados pela junta de missões da Igreja Metodista dos Estados Unidos. Eles chegaram no Rio de Janeiro em 1896. Rev. Price pastoreou e fundou várias igrejas locais nos Estados do Rio Grande do Sul , Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Destacando-se as igrejas em Porto Alegre, Santa Maria, Cruz Alta, São Lucas e Rio da Prata. Como missionário profícuo trabalhou com a esposa em diversos outros projetos evangelísticos no Brasil tendo fundado também escolas e hospitais deixando um legado espiritual imensurável. Em sua biografia escrita pelo Rev. A. M. Ungaretti em 1939, foi publicado um artigo em alusão ao ministério de seu colega intitulado ‘’ O Apóstolo’’ em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Outro admirador e cooperador, João P. Flores, descreve resumidament e sobre o casal num artigo publicado no Jornal ‘’ Expositor Cristão’’ de 1938 dizendo: “ Aqui no Brasil muitos serão os corações que se lembrarão do agradável casal que deixa uma rica herança entre nós. O casal Price dedicou mais de 35 anos de suas vidas na obra de Deus em nosso favor.” Deus é fiel ! Louvo ao Senhor pela vida deles e pelo exemplo que são para mim e toda minha família.

2) Poderia compartilhar um pouco de sua história, contexto social e área de serviço de maior força no Ministério Cristão ?

Nasci em um lar cristão e tive a oportunidade de estar em contato com a Palavra de Deus desde pequeno. Lembro-me que ainda na infância visitava várias denominações e freqüentava também cultos em diferentes segmentos evangélicos levado por minha mãe. Dessa forma, cresci com uma visão mais ampla e coerente do Reino de Deus no tocante a diversidade de expressões cristãs. Conheço um pouco do chamado “mundo cristão’’ do Brasil. Hoje, enquanto Ministro do Evangelho, continuo também atuando em diferentes segmentos evangélicos, pregando a Palavra de Deus em igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais. Lembro-me ainda de alguns pastores que foram referenciais de vida cristã para mim tanto na infância quanto na adolescência, com que tenho ainda o privilégio de conversar. Creio que o Senhor me separou desde o ventre materno e que ao Seu tempo a confirmaria a chamada Dele em minha vida, para servi-Lo no Ministério. Ao longo de minha vida cristã passei por algumas denominações evangélicas tendo dessa forma madurecido e ampliado a minha visão do Reino. Como disse anteriormente, minha experiência de vida cristã não se resume a esse ao aquele denominação. Aliás, o Reino de Deus é supradenominacional. Em 1992 fui batizado nas águas no Rio Jordão, em Israel, na ocasião de uma viagem que realizei com um grupo de cristãos brasileiros. Fui ordenado ao Santo Ministério da Palavra na Igreja Batista do Bairro do Méier, Rio de Janeiro. O concílio examinatório e consagratório na ocasião era composto por vinte e quatro pastores presentes na cerimônia solene.. Casei-me na mesma igreja. Sou Presidente do Diretório Estadual da Sociedade Bíblica do Brasil no Rio de Janeiro, aonde atuo desde 2006. Tenho pregado em várias igrejas ultimamente desejando cooperar com uma Igreja mais santa e influente em nossos dias. Sou colunista em alguns jornais cristãos também no RJ.

O Casal: Pr. Maurício e Cristina Maria Price

3) Sua formação pastoral vem do Instituto Bíblico Ebenézer e do Seminário Teológico Betel - ambos no Rio de Janeiro. Que fatos marcaram sua passagem pelas duas Casas?

Tive o privilégio de estudar em duas instituições de ensino teológico para o meu aperfeiçoamento no exercício do Ministério Cristão, sendo que no Betel cursei o Mestrado em Teologia na área de Missiologia, onde justamente tenho focado atualmente muitas de minhas atividades ministeriais. Entendo que o cristão não pode negligenciar seu compromisso com o evangelismo e a obra missionária. Seja urbana, nacional ou transcultural, sob pena de tem negar a Fé. Creio que o homem chamado por Deus para ser Ministro do Evangelho não é formado nos seminários teológicos, mas na escola do Espírito. Agradeço ao Senhor pela vida de alguns professores espirituais que tive em minha formação, porém compreendo que o Mestre sabe treinar e preparar particularmente cada um dos seus escolhidos que Ele mesmo separa para Sua obra. A formação teológica é importante, mas a unção do Espírito Santo na vida do obreiro cristão é vital, sem a qual ele será apenas um agente religioso. Dons espirituais são dádivas de Deus. Não são comprados, comercializados, muito menos adquiridos nesse ou naquele seminário. O Dr. J. I. Packer, disse certa vez com muita lucidez espiritual que '' Se buscarmos o conhecimento teológico por si mesmo, isso inevitavelmente nos fará mal. Ele nos tornará orgulhosos e vaidosos.'' Lembro-me que em determinada atividade à noite de uma certa disciplina no seminário, fiquei atônito pelo motivo da interrupção da aula naquela ocasião. Alguns seminaristas (alguns já eram até pastores em suas igrejas) pressionaram o professor para encerrar a aula mais cedo, pois haveria jogo de futebol do time deles e eles alegaram que não poderiam perder aquele '' importante'' evento. Enfim, posso reafirmar que aprendi bastante nas escolas teológicas que passei, mas aprendi mais ainda de joelhos orando e lendo a Bíblia em intimidade com o Pai, sempre atuando em Sua obra e sensível ao Seu Espírito.

4) Consta de seu currículo ainda que o senhor é formado em Medicina pela UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com pós-graduação em Clínica Médica em Medicina do Trabalho e em Medicina Hiperbárica. Por que deixou isto em segundo plano para para priorizar o exercício do Ministério Cristão ?

Considero que o mais alto privilégio que um homem pode alcançar é ser Ministro da Palavra de Deus. Dessa forma entendo que o Senhor vem tratando comigo há alguns anos, permitindo que eu viesse realizar alguns cursos e ter também através disso importantes estratégicas e credenciais para otimizar e maximizar o acesso, a penetração da pregação do Evangelho em diferentes segmentos sociais. Quando Deus permite que você atinja certa posição e reconhecimento no mundo secular, entendo que Ele deseja que você seja um instrumento dele para para alcançar os “inalcançáveis’’, isto é, aquelas pessoas que por se considerarem muito “importantes’’ nesse mundo, dificilmente iriam frequentar ou visitar um templo evangélico para ouvir a Palavra. O apóstolo Paulo conhecia os dois “mundos’’ - o judeu e o grego. Pregava para carcereiros, mas também para governadores e reis. Entendo que através do exemplo de vida e ministério, o obreiro cristão do século XXI também deve ter essa visão e formação, a fim de levar o Evangelho a todos os segmentos da sociedade.


5) Em que momento da vida aconteceu sua chamada ministerial?

Foi durante o curso de Medicina, quando ingressei na Faculdade de Ciências Médicas da UERJ com 17 anos. Creio que o Senhor movia sua mão sobre mim para realizar sua obra com ousadia e coragem diante dos colegas da faculdade. Já pregava e dirigia o Núcleo Bíblico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE); estava no quarto ano de Medicina. Naquele tempo o Senhor me chamou de maneira clara, especial e sobrenatural. Não tenho palavras humanas que descrevem esses momentos. Vários sinais da parte de Deus ocorreram desde então confirmando a minha chamada para o ministério. Segundo Lovett H. Wems Jr., o líder espiritual do povo de Deus é reconhecido não por seu posto eclesiástico, mas pelas suas obras e serviços prestados ao Reino. A chamada autêntica na vida do homem de Deus gera, segundo Kléos M. Lenz César, uma intensa compulsão interior (1 Co 9.16); um amor crescente às almas dos pecadores. Uma inquietante conscientização da falta de obreiros. Uma comprovada aptidão natural para o trabalho. Uma percepção gradual da natureza específica da vocação e uma persistente vitória sobre os obstáculos à vocação. Foi isso que aconteceu comigo por volta do ano 2000. Minha vocação ao ministério pode ser bem resumida segundo o pensamento de Xavier Leon-Dufour quando diz:"Vocação é o chamado que Deus dirige ao homem a quem Ele escolheu para si e que destina a uma obra especial no seu plano de salvação e no destino de seu povo. Na origem da vocação há, portanto, uma eleição divina; no seu termo, uma vontade divina a cumprir. Não obstante, a vocação acrescenta algo à eleição e à missão: um chamado pessoal dirigido à consciência mais profunda do indivíduo, produzindo uma reviravolta na sua existência, não só nas suas condições exteriores, mas até no coração, fazendo dele um outro homem."


6) O que vem a ser uma Capelania? E qual tem sido a sua experiência coordenando a CEU - Capelania Evangélica Universitária na UERJ ?

Capelania é uma atividade cuja missão é colaborar na formação integral do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos valores e princípios ético-cristãos e da revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania. Em ambiente hospitalar a capelania atua como uma assistência religiosa prestada por ministro religioso, garantida por lei em entidades civis e militares de internação coletiva com dispositivo previsto na Constituição Brasileira de 1988 nos seguintes termos: “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. (CF art. 5º, VII).A CEU visa prestar assistência religiosa ao meio universitário e ao ensino superior, promovendo atividades, tais como:

a) Cultos com alunos, docentes e servidores, na Capela Universitária, com periodicidade regular

b) Aconselhamento bíblico e estudos bíblicos, de preferência na Capela Universitária

c) Atendimento e aconselhamento psicológico aos alunos.

d) Programação especial em datas comemorativas;

e) Apoio e/ou supervisão aos movimentos estudantis evangélicos, bem como a eventos confessionais cristãos.

Além das atividades inerentes à Capelania por sua natureza, estamos propondo através de nossa equipe outras formas de atuar junto à comunidade universitária, no sentido de prestar apoio logístico e de participar tão ativamente quanto possível da rotina da referida comunidade. Nesse sentido estamos nos preparando para realizar:

a) Apoio aos Programas Sociais da Universidade (Ex: Campanha de doação de sangue, arrecadação de alimentos, etc.);

b) Visitas hospitalares a alunos, servidores, docentes e respectivas famílias, quando solicitada;

c) Participação em cerimônias de Colação de Grau e outros eventos internos, quando solicitado pela organização competente;

d) Apoio ao Trote-Solidário;

e) Culto em Ação de Graças pelos aniversariantes (alunos, servidores e docentes) – mensalmente na Capela.


7) Qual é a composição da equipe e a história da Capelania Evangélica Universitária?

A Capelania Evangélica Universitária (CEU) é composta por um coordenador geral, pastor evangélico ordenado, e representação de auxiliares voluntários ( servidores, docentes e alunos). Tem composição, obrigatoriamente, majoritária de membros regulares oriundos da comunidade universitária sem prerrogativas político-partidárias de quaisquer espécies, na sua atuação. Tendo em vista o crescimento do movimento evangélico na UERJ como um todo já há muitos anos, inclusive dos movimentos estudantis atuantes nos Campus Universitários da UERJ, gerou-se uma necessidade de organizar e representar oficialmente o segmento evangélico diante da Alta Administração. Isso ocorreu após a apresentação de um projeto escrito elaborado por nossa equipe, que foi apreciado pela reitoria que entendeu que da mesma forma que o segmento católico era reconhecido pela comunidade universitária através da Pastoral Universitária, o segmento evangélico também deveria ser tratado segundo o princípio de isonomia - uma vez que a universidade é laica. A CEU basicamente tem cumprido essa função, além de assessorar a reitoria nos assuntos que diz respeito ao credo Protestante.


8) Conhece outras Capelanias Evangélicas em outras Universidades?

Conheço apenas serviços de capelania em universidades confessionais cristãs ou de faculdades teológicas evangélicas. Em universidades seculares desconheço algum trabalho nessa área.


9) Estaria disposto a ajudar com informações e conselhos para o estabelecimento de outras Capelanias Universitárias?

Claro que sim. Primeiro, porque uma de minhas atividades pastorais tem sido no ministério cristão universitário desde 1997 e creio que pude adquirir alguma experiência nessa área. Segundo, que através das diferentes capelanias cristãs existentes – universitária, portuária, prisional, hospitalar, estudantil, entre outras – a Igreja pode desenvolver um consistente trabalho missionário em diferentes instituições em nossa cidade, estado e nação. Por exemplo, a CEU tem colhido muitos frutos em nossas atividades de assistencialismo espiritual nesse amplo campo missionário urbano que hoje abrange mais de 30.000 membros, entre alunos, servidores e docentes. Creio que Deus ao longo da História sempre enxergou o potencial das universidades para promoção do Evangelho, pois sabemos que foram dentro delas que eclodiram os maiores avivamentos espirituais no Cristianismo.


10) Qual é sua expectativa quanto a União de Blogueiros Evangélicos em relação a evangelização digital?

Considero uma iniciativa estratégica para a propagação do Evangelho. Devemos otimizar nossos métodos de evangelização num mundo globalizado, sem é claro alterar os princípios espirituais da Bíblia que são imutáveis.


11) Suas considerações finais

Meu maior desejo na qualidade de Ministro do Evangelho é servir ao Senhor da Igreja e a Igreja do Senhor. John Wesley(1703-1791), pregador avivalista, membro do “Clube Santo” na Universidade de Oxford, certa vez teve um desejo, que inspira a vida de milhões de cristãos, inclusive a minha: “Dá-me cem homens que nada odeiem senão o pecado, que nada temam senão Deus, e que nada busquem senão almas perdidas, e eu transformarei o mundo em chamas”

Que seja também o nosso desejo! A Ele seja toda a glória !


Contato e informações: www.mprice.com.br ou www.mpriceg.blogspot.com


Entrevista feita por João Cruzué



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