sábado, 26 de maio de 2007

O formigueiro gospel

Uma parábola atual

Certa jovem formiga era muito ardorosa em suas convicções cristãs. Ela trabalhava, fazia faculdade e nos finais de semana, além de cuidar das tarefas caseiras, se envolvia com mil atividades na sua Igreja. Era feliz e entusiasmada. A alegria do Senhor era sua força e Sua Igreja o lugar mais amado entre todos.

Sábado, pela manhã, cuidava das roupas. À tarde, freqüentava reunião de professores de Escola Dominical, participava dos ensaios da mocidade, às vezes tinha visitas a fazer com a mocidade em festas de outras congregações. Aos domingos, havia os ensaios da banda, com a formação clássica de seu tempo: duas guitarras, baixo e bateria. Por se envolver tanto com as atividades da Igreja, orou a Senhor, certa feita, para que tudo que ouvisse nas aulas da Universidade ficasse bem gravado e com pouco tempo extra de estudos, fosse o suficiente para tirar boas notas.

E Deus ouviu aquela oração.

As lideranças das Igrejas do seu tempo eram pastores sóbrios, rígidos na disciplina, bons de oração e levavam uma vida simples. Era possível visitá-los e até mesmo tomar um cafezinho em suas casas. A ênfase das pregações era centrada em Cristo. Ganhar almas, andar em santidade, buscar o batismo com o Espírito Santo, ser fiel e missões. Os missionários e pregadores ungidos eram ouvidos com atenção por uma Igreja que às vezes se esquecia até mesmo de se assentar, por tal encanto com a Palavra de Deus.

Aquela formiga, igual a tantas outras, trabalhava para Deus junto a sua Congregação. Ele recompensou seus esforços mostrando-lhe a jovem que foi sua noiva e depois, Esposa. Ainda a abençoou com uma casa, um bom trabalho, carro e duas lindas filhas. Seus pais, a princípio, odiaram que ela se tornasse um crente. Perseguiram-na. Humilharam. Mas depois de 12 anos, também se converteram. Em cada conversão, um detalhe: a formiga estava muito ocupada em ganhar almas montando grupos de evangelização em dezenas de Igrejas, realizando congressos. Um deles, pagou 90% da despesa do próprio bolso. Em troca, o Senhor salvou os pais dela nas mesmas semanas daqueles eventos.

Passou-se o tempo. Ela deixou sua guitarra; foi se envolvendo cada vez mais com evangelismo. Foi fincando velha. Vieram 11 anos de grandes dificuldades financeiras. Foi lhe dado a oportunidade de cuidar de uma congregação. Cuidou dela por seis anos. Orava muito, pois era difícil cuidar do povo. Sua Esposa e filhas eram os seus dois braços. Sua família amava trabalhar para o Senhor. Sua filha mais velha era um bênção ajudando com o grupo infantil, e a mais nova foi presenteada pelo Senhor com unção no cantar.

O pastor que cuidava dela, era um ancião que carregava nas costas a tudo e todos em orações freqüentes, constantes e pelas madrugadas. Homem de Deus. Ele, dois anos antes de falecer, nas festividades dos 90 anos da sua Igreja, apareceu uma pomba branca, sozinha, em meio a um grande ginásio, e voou direto para seus ombros onde pousou. Honra.

.Avareza

Muitas outras Igrejas - formigueiros - surgiram. A pregação do evangelho adqüiriu novas formas e antigas heresias. Cristo saiu do centro. Não abria o bolso dos pecadores. Em seu lugar, colocaram as necessidades humanas. O pensamento farisaico antigo voltou com força: "Se você não é próspero, das duas uma: ou sua igreja é fraca ou você tem pecado não confessado. Todo cristão deve ser próspero e isso é o sinal da aprovação de Deus".

Os grandes "formigueiros" agora tinham outros interesses. Homens pios, não mais serviam para pastorear. Tudo agora era planejado, orçado, comparado, metas financeiras; a prata tornou-se a meta principal por detrás das cortinas. O peso foi trocado - a unção cedeu lugar a um canudo de teologia. A separação pelo canudo. O Espírito Santo, o orientador e conselheiro foi dexado de lado - é muito custoso passar horas, dias e anos buscando respostas de Deus. É muito mais fácil, por outro lado, recorrer aos serviços de fofoqueiros oficiais e aduladores.

A política, não a política verdadeira, mas o "toma lá da cá", veio para ficar. É praticamente impossível não existir entre os exércitos de auxiliares dos políticos ditos evangélicos - filhos e filhas de líderes religiosos evangélicos. O famoso e anti-bíblico: "É dando que se recebe". Recentemente, saiu na imprensa dois casos de funcionários fantasmas. A lei de "Gerson" caiu bem ao gosto dos novos líderes religiosos emergentes: "Levar vantagem em tudo". Santidade para essa gente é motivo de risos. São légitmos caras-de -paus ungidos com óleo-de-peroba.
.Sanguessugas

Como os novos formigueiros se "deram bem", os antigos não ficaram de braços cruzados. Pregadores surgiram com mensagens contextualizadas aos "interesses" dos pecadores. Trocaram a mensagem cristocêntrica pelos testemunhos impessoais de A ou de B cuja a casa é uma mansão de cinco andares e o possante um Toyota Corolla. E foram tolerados. E foram aceitos. Assim os valores foram se invertendo e uma nova nata de "pregadores" se formando. Visitas da "gentalha" nas casas dos líderes desses formigueiros, para uma oração ou cafezinho, nem pensar!

Conversão de almas? Batismo com o Espírito Santo? Isto não lhes pertence mais... A custa de muito esforço apenas os filhos dos crentes estão sendo induzidos ao batismo, pois esta nova geração é crítica e observadora da hipocrisia paterna. A avareza e a hipocrisia e a insistente divulgação de má fama dos iguais, dentro de casa, estão matando a fé dos próprios filhos. Ação e reação. Lei divina da semeadura e da colheita em funcionamento.

Diante dessas coisas, nossa formiga um dia parou para pensar e chegou a seguinte conclusão: há loucura no comportamento do "sinédrio" desses formigueiros. Abandonaram a simplicidade dos apóstolos. Trocaram a presença do Senhor por carros blindados, por haras de cavalos e éguas, por filhos pendurados como funcionários fantasmas de corruptos. A moral e a paz da igreja por apego exagerado ao poder. Deixaram a oração, pois já se julgam deuses. E, assim como aconteceu no passado vai se repetir no futuro. Tal como um formigueiro que pode ser aniquilado por um simples tatu, os dias de esperteza e a fonte de sustento dos novos "brâmanes" vai secar, pois O Senhor não se deixa escarnecer. Assim está escrito palavra do Senhor em Ezequiel, capítulo 34, e quem tem ouvido ouça o que o Espírito diz.

Por outro lado, todo cuidado é pouco para não se deixar levar em redor e beber deste pensamento "gospel" envenenado, nem cair na frieza. Quem ainda tem Temor de Deus, se afaste deste tido de companhia. Quanto a mim, diz a formiga: "A vida continua. Há muitas almas perdidas para ser salvas, o Evangelho precisa ser pregado, muitas ovelhas a beira do abismo, o Espírito deve continuar falando e sendo ouvido. O pecado de uns não pode ocupar, todo o tempo, o pensamento de outros, para que ninguém perca a coroa que está preparada para quem vencer a maratona. E só se ganha esta maratona rompendo a fita de chegada nos portões celestiais.

"Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".
Filipenses: 3:13-14




autor: Joao Cruzue






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